sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Veneza, Onde Tudo Começou

Finalmente hoje comecei a postar as fotos da viagem no picasa. O problema de ficar deslumbrada com tudo é que no fim das contas você tem que administrar a postagem de mais de 2000 fotos. É tudo tão diferente, colorido, exotico, único e tal, que tirei foto até de fixação vislumbrando isso como arte de cunho social e cultural. Vá entender... Mas tem umas fixações que são mesmo interessantes... rsrs

Mas essa viagem, em particular, começou bem antes de sair de casa. Eu tinha uma reunião com meu chefe de projeto às 9 da manhã do dia do início da viagem. Acordei, tomei banho e tomei café, como de costume. Quando fui lavar a louça, sei lá por que razão divina, cortei meu dedo mindinho com uma faca de cortar pão daquelas grandes de cerrinha. Foi um corte pequeno, nem tem como fazer um corte grande no mindinho..., mas profundo. Aproximadamente da unha a um pouco mais da metade do dedo. Em resumo, caprichei. Foi um sangue... e eu que da última vez que me machuquei sério foi na casa da minha tia quando bati a cabeça no sofá e tive que dar 3 pontos, fiquei apavoradinha.

Para um amadurecimento espiritual completo, o ser humano precisa passar por algumas situações extremas sozinho durante a infância. Você só entende porque super-proteção é a pior coisa que podem fazer com você quando você não tem ninguém por perto para te super-proteger. Fui correndo pro banheiro pegar papel higiênico para estancar o sangue, gastei quase meio rolo e o demoninho lá jorrando sangue. Ae como toda pessoa que é desprovida de equilíbrio emocional diante de uma calamidade, pegue o primeiro pedaço de pano e fiquei comprimido o dedo. Quando me dei conta, estava usando a minha toalhinha branca de limpar a tela do meu notebook para estancar o dedo, dei de ombros e comecei a procurar o esparadrapo que tinha comprado para servir de proteção para o calcanhar quando eu usasse sapatos novos. Não achei, claro. Fui atrás de um dos meninos que moram comigo em busca que suprimentos médico de emergência e fui presentiada com um band-aid que em pouco tempo ficou enxarcado de sangue, mas que conseguiu estancar o dedinho.

Sai de casa ultra-atrasada e fechei no estágio com uma hora e meia depois da hora da reunião... Pensei:"Puts, lascou..." . Cheguei, liguei o note e dei de cara com o email do meu chefe me detonando. Pensei: "É, eu não erro uma." Respondi o email, explicando, brevemente, o que tinha acontecido e dei um tempo para ele ler e se compadecer comigo antes de subir.

Chegando lá, o meu chefe já olhou para mim com dó. Tirei o band-aid para mostrar para ele o dedo e como todo homem, ele ficou mais chocado do que eu com o machucado. Ele perguntava porque eu não tinha ligado e avisado o que tinha acontecido. Que ele tinha ficado esperando e que tinha ficado chateado, etc... Ae, eu ficava me perguntando porque demônios eu não mandei uma maldita mensagem falando que eu ia atrasar. Tão simples, né, e ia evitar o que talvez foi uma das minhas experiências mais peculiares aqui na Itália. Eu e meu chefe durante quase 4 horas no hospital por conta de um mindinho cortado. Muito bem cortado, diga-se de passagem. E durante todo esse momento especial, eu escutei as lamurias, e não tiro a razão dele, do meu chefe. Foram 4 longas horas de espera para finalizar em 5 minutos de atendimento e 32 euros de despesa. No momento que fui para o hospital, imaginei que não teria despesa nenhuma, já que paguei o seguro de saúde no Brasil para utilizar o serviço de saúde pública da Itália. Mas para minha surpresa, a saúde pública na Itália não é pública!!!!! Se paga. Foram 32 euros por uma vacina anti-tetánica e um curativo megalomaníaco no dedo.

Quando voltamos ao escritório, fiquei trabalhando com meu chefe até mais tarde e sai freneticamente para pegar o trem para Bérgamo, onde eu pegaria o avião para Rhodes. Em resumo, perdi o trem que queria pegar, mas consegui chegar a tempo de pegar o último trem regional para Bérgamo. Na viagem conheci duas russas muito bacanas que tinham acabado de ser assaltadas quando estavam tirando dinheiro do caixa eletrônico em Verona. Pensei: "Seria essa alguma mensagem divina... Acho que vou tomar mais cuidado...". Mal sabia eu que essas férias seriam verdadeiramente memoráveis.

Ao chegar em Bérgamo, chovendo bastante e compadecida com a situação das russinhas (a situação delas estava russa!), me ofereci para pagar um café e comer alguma coisa. Fomos andando pelos arredores da estação de trem na chuva. Rodamos uns 30 minutos e não tinha nada aberto. Deveria ser umas 11 e pouca da noite e eu, na tentativa de ser legal, deixei as russinhas além de famintas, molhadas. Voltamos a estação de trem e tentei achar meu ponto de ônibus e descobri que, se tivesse mais um ônibus, era o último do dia... (Reclama do Brasil, reclama!). Quando eu sair para procurar o ponto de ônibus, vi dois orientais revoltados com uma máquina de coca-cola e já fiquei com medo, sai correndo e peguei um taxi... sabe se lá né.... Depois de um dia emocionante como esse a gente não pode arriscar muito a sorte... Deus é muito criativo!

3 comentários:

  1. Não vou comentar de machucados/vacilos, pq já falei/xinguei tudo antes né. Agora... da série "coisas que só vc faz inocentemente" amor, esta frase é um expoente:

    "fiquei trabalhando com meu chefe até mais tarde e sai freneticamente (...)"

    Putz grila! Te amo gatonaa! :**

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  2. Achei incrível sua solidariedade com as russinhas.
    Lê, mais calma quando for lavar louça e principalmente faca de cortar pão. bjs

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  3. hauhauahuahauhau, pois eh!!! O bom de passar por muita coisa estranha é que é dificil passar pela segunda vez... eu acho... =P

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